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Crónica de fim de férias
Até que enfim! Acabou mais uma edição de um safado programa televisivo que, pelo que contém de devasso e obsceno, deveria provocar nojo e repulsa, mas é visto e aplaudido por milhares de espectadores. Que pode esperar-se de uma sociedade assim?
Com a lembrança a rememorar imagens da moldura humana dos participantes na apresentação, com muitas mulheres sexy, descocadas, mostrando-se e desafiando olhares para generosos decotes exibindo as mamas que a natureza lhes deu ou conforme os silicones que lhes meteram, enfiadas em saias sem pano, a mostrar as cuecas a marialvas gulosos, com o falo em desassossego, tentando antever qual o pitéu que lhes vai calhar na mão, como cidadão impermeável à pornografia, pergunto a mim próprio que espécie de feminilidade perversa é esta que, sem qualquer pudor, expõe a sua nudez ao mundo e se enrola com alguém que não conhecia à meia dúzia de dias atrás? De que lado estão os seus valores?
Que me desculpem os fanáticos fans do Big Brother, que fielmente mantém o share da TVI em alta, mas o espectáculo é grosseiro, imoral, lascivo, impróprio, e mostra a negativa hipertrofia dos figurantes.
Não entendo como alguém é capaz de se sujeitar a viver enjaulado, espiado e devassado nas suas intimidades 24 horas por dia, meses a fio, e não tenha vergonha de perder a privacidade dos seus assuntos pessoais e revelações suas e da família, desenterradas e divulgadas pela comunicação social, bisbilhoteira e voraz a destruir qualquer reputação. Os exemplos abundam.
Eu sei que os sentimentos têm várias caras, mas confrange o ridículo de pessoas pouco preocupadas com o seu pudor e reputação, pelo desejo irreprimível de estar sob os holofotes, mesmo que de modo caricato, a exibir as suas vergonhas e a dourar a pílula a telespectadores ávidos de cenas eróticas, que lhes atice o fogo…
Na realidade, a Casa dos Segredos assemelha-se a um serralho, onde pessoas de ambos os sexos, contagiadas do mesmo paroxismo, indiferentes ao seu próprio aviltamento, se expõem impudicamente às objectivas coscuvilheiras das câmaras de filmar, e à língua-de-trapos da Teresa Guilherme, uma linguarás humorista à sua maneira, que goza a atear despiques e discórdias, intrigas de harém, chicaneira; um certo esboço de velhacaria, fofoquice, esmiuça aqui, esmiuça ali, pondo à prova os seus dotes profissionais e de sagacidade, explorando ingenuidades broncas, que muitas vezes suscitam graça, humor, ou simplesmente dó.
Quando o sórdido emerge numa degradação assim, divago sobre que pedagogia educativa pode ter este reality show, tão criticado universalmente.
Acabada a festa, a TVI e os participantes, irmanados numa glória efémera, espelham-se pelo rés-do-chão da vida. É pena, porque a vida só tem um tempo, muito curto, para perdê-lo estupidamente com frivolidades.
A próxima edição já está anunciada, mas eu não resisto de apelar à TVI que dê um melhor contributo à inteligência dos portugueses.
Tentando alhear-me da dura penitência que tem sidoviver em Portugal nos últimos anos, castigo a que nos submeteram os partidos que têm governado Portugal desde o 25 de Abril e o conduziram a esta trágica encruzilhada, quis, nestas curtas férias tão desejadas, encontrar um pouco de serenidade e paz no bucolismo rural do nosso território interior.
De vez em quando faz bem deixar de viver em permanente alarme, abandonar tudo e procurar encontrar sossego e tranquilidade. Sem ouvir noticiários. Sem ler jornais.
Andei pelos caminhos das Beiras, Trás-os-Montes, Douro e Minho, descobrindo em cada província a sua identidade histórica. Dormi em casas de turismo rural, limpas, asseadas, de pessoas que sabem acolher com fidalgia. Comi da comida de cada região, de sabores diferentes, mas que se equivalem. Visitei lugares carregados de passado e de memória, e falei com pessoas para quem a vida é o tempo que decorre e o amor ao agro sagrado que os embalou. Lugares e pessoas que fazem parte de um todo: a pátria que nos acolhe.
Pode ser monótona a existência, mas os cenários da natureza e a singeleza do povo torna harmonioso o seu palco de vida, onde os corações palpitam na crença profunda das suas raízes e tradições.
Esta Crônica redigida e publicada pelo meu irmão AUGUSTO, em PORTUGAL , é muitíssimo semelhante ao que se poderia redigir sobre o PROGRAMA BIG BROTHER BRASIL que periodicamente se apresenta pelo Canal da Globo com grande estardalhaço neste país.
A falta de vergonha e de respeito por uma sociedade inteira demonstrada pelos (ir)responsáveis de tais canais de televisão, é o desmoronamento e uma afronta aos bons princípios que todos deveriam preservar. Esta é uma Crônica que vale a pena ler. Ela é a indicação de que algo de muito grave está acontecendo no nosso mundo, com a destruição dos grandes valores morais e à custa de massas amorfas, que contribuem para o enriquecimento e domínio, cada vez maior, do capitalismo sem escrúpulos.
Armando Ribeiro
http://www.aresemares.com
Muito boa a crônica do seu irmão. Fiquei um pouco espantada com o sucesso desse horrível programa também em Portugal! Imaginava que isso só acontecia aqui…
Angela Delgado
Kerido Amiguirmão.
Boníssimo Dia Sempre.
Gratíssimo pela mensagem sobre o Big Brother.
Estou dando este retorno e agradecendo, mesmo sem ter lido (confesso) todo o teor da mensagem encaminhada por você, sobre o texto preparado pelo seu irmão,
que, diga-se de passagem, tive a gratíssima honralegria de conhecer em Portugal/2011.
A razão para não ler na íntegra o texto da mensagem é simples, e estamos seguros da sua compreensão.
O FATO É QUE CONCORDO PLENAMENTE COM A TESE EM QUESTÃO: A Antiética Postura Relacionada ao Programa o Referido Programa.
Ao nosso ver,
contudo, vale a pena destacar, que…
ESTAMOS À TRANSIÇÃO RUMO A JÁ EMERGENTE CIVILIZAÇÃO RELIGARE;
Civilização que, nos parece, substitui a Hodierna Já Finda Em Seus Potenciais Evolutivos Mestres.
Encaminho a sua avaliação a Revolução Religare, cujos textos tratam sobre a questão.
Fraternalmente – Sinicio
Caro Armando
Estava com saudades de suas notícias.
Concordo com a crônica de seu irmão. o mundo anda desconcertado e confuso,principalmente para os mais velhos de outras épocas.
Porém faço uma ressalva.
Vivemos numa democracia.Felizmente.Uma democracia meio desorganizada, vivemos um capitalismo selvagem que levou as sociedades a um caos social.Mas na vida tudo é cíclico,como as estações do ano.
Prezo muito,como escritora que sou a liberdade de expressão, de pensamento e as escolhas políticas.Como uma pessoa de ideias, não admito repressão de modo algum, ditadores estão fora de época, e geralmente o herói revolucionário, que lutou por ideais melhores, esqueceu-se de se retirar na hora certa e virou ditador, com os resquícios de uma Cuba e outras menos evidentes.
Quanto á televisão: há programas para todos os gostos, e para escolhermos os que nos agradam há um controle remoto. As pessoas que conhecem os detalhes de um programa, é porque os assistiu. Eu jamais vi um programas sequer dessa espécie, prefiro canais de informação e filmes. Portanto, querido Armando, a opção é de quem escolhe os programas.
O mundo desde a Idade Média é bárbaro e a opressão ainda remanesce em certas sociedades. Vivemos a era da high tech e, portanto, sejamos inteligentes e a usemos a nosso favor.
Estou mudando para Campinas em Novembro . Se vc um dia quiser aparecer por lá, me dará muito prazer.
Abraços afetuosos,
Nilza