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PROPAGANDA ENGANOSA: A CULTURA DAS MULHERES LINDAS, JOVENS E MAGRAS (E “NÓRDICAS”)
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
“Credibilidade é a única moeda válida neste vasto mercado repleto de ruídos”
(Pete Blackshaw)
Nos anúncios televisivos, as mulheres são quase todas magras, belas e loiras.
É um padrão nórdico, mesmo que a propaganda seja veiculada na Bahia.
Segundo uma pesquisa intitulada “Representação das Mulheres nas Propagandas de TV”, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Data Popular, 65% dos 1.501 homens e mulheres de 100 municípios brasileiros ouvidos acham que o padrão de beleza feminino mostrado nos comerciais de TV é diferente da realidade.
80 % das pessoas pesquisadas, acham que as propagandas na TV mostram mais mulheres brancas, quando o próprio IBGE mostra que 51% dos brasileiros se diz negro ou pardo.
“Localmente falando, acho que é uma falta de alinhamento com a realidade étnica”, diz a publicitária Renata Schubach sobre comerciais baianos que usam modelos com traços nórdicos.
Mais que isso: é uma mentira e uma “idealização” discriminatória.
84% concordam que o corpo da mulher é usado para promover a venda de produtos nas propagandas de TV.
Para a socióloga Petilda Vasquez – citada em matéria da jornalista Joana Rizerio (fonte na qual bebi), as campanhas reeditam a cultura da mulher como objeto.
“Essa ideia de só mostrar mulheres jovens, bonitas e com corpos esculturais é um traço discriminatório de uma sociedade que não lida bem com as diversidades culturais,” reforça.
É claro que, numa sociedade mediática, que não estiver dentro do padrão vai se sentir pressionado.
Mais ainda: frustrado, infeliz, fracassado.
A socióloga indaga: o homem se sente mais viril dentro de uma Brasília amarela ou de um Camaro amarelo?
Essa cultura está profundamente enraizada e internalizada na cultura global, do TER em detrimento do SER. – e é profundamente danosa e mentirosa*.
ATENÇÃO AO GLOSSÁRIO:
” Brasília amarela” e “Camaro amarelo” são duas marcas de veículos pintados na cõr amarela. O primeiro mais usado por pessoas de posses modestas e o segundo pelas mais abastadas economicamente.
Concordo com o texto, porque retrata a realidade. Os publicitários brasileiros, na prática, salvo raríssimas exceções, implantaram o “apartheid” de biotipos e de raças entre as mulheres em seus trabalhos e, com isso, têm um trabalho danado nas suas preferências, visto que entre as nórdicas tem muita mulher feia…
Além do que, tanto a beleza como a feiura são pontos de vista ou de gostos mui discutíveis. O que é feio para um pode ser belo para outro.
O que acontece com as mulheres também acontece com os homens. Os ternos, por exemplo, de certas marcas, só servem a corpos franzinos. Homens com quadril um pouco mais largo, mesmo não sendo gordos, não tem calça que lhe sirva. Engraçado??? Talvez, mas é verdade e inconveniente.
Armando Ribeiro
http://www.aresemares.com